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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Fascínio da Ficção


Celular bem empunhado na mão. Segurado firme como uma espada.

“Bzummm”. Faço com a boca tentando imitar o som do sabre de luz. “Zummmm, zuuuum, zum, bzummmm.”

- Sou um cavaleiro Jedi!

A fantasia fixa-se de tal forma em nossa mente que às vezes parecemos estar vivendo em outra dimensão. Empunhamos sabres de luz (nem que sejam cabos de vassoura), guiamos o carro como se estivéssemos numa espaçonave, apontamos o braço como se no lugar de ossos possuíssemos um implante cibernético que dispara rajadas laser.

Já fiz muito disso em época não tão distante. E, ainda hoje, o celular parece ter o poder de emanar um luz azulada, afinal, talvez eu seja um Cavaleiro Jedi.

Isto tudo na mente de uma pessoa que já chegou à casa dos 30. por isso, às vezes me pego pensando o que a fantasia, a ficção, faz com a mente de crianças.

Apesar de brincar imaginando um sabre de luz, tenho a plena consciência de que – infelizmente – não sairá nenhuma potente arma dali, bem como meus sonhos não serão assombrados com nenhum Lord Sith.

E uma criança, ou pré adolescente, sabe como distinguir a fantasia da realidade? Aliás, o autor de obras do gênero deseja que a mente do leitor trace este limite? Ou quer ele que seu público, ainda que juvenil, mergulhe no universo por ele criado e ali fique preso?

Estes mundos, sejam eles os futuros de tecnologia extrema, ou os universos paralelos, com batalhas épicas, são de fato fascinantes. Quando escrevo, preocupo-me com minha responsabilidade como autor em traçar limites e deixar claro que estou escrevendo sobre o irreal.

Igualmente alerto meus filhos quando conto histórias desta natureza. É comum meu caçula (de três anos) perguntar: “Isso existiu de verdade, papai?” (um dia desses ele me perguntou se o Superman existe).

Este aspecto de responsabilidade das obras é pouco abordado. Sim, eu e você certamente sabemos que é ficção. Mas existe por ai até igrejas Jedis (inspiradas em Guerra nas Estrelas, de George Lucas) e muitas outras coisas que desconhecemos, baseadas em fantasia e ficção. Pois é, tem doido pra tudo.

Mas de algum lugar estes doidos tiraram a idéia. Em algum momento eles esqueceram de traçar um limite entre o real e o fantasioso. Em algum momento eles acreditaram poder, de verdade, empunhar um sabre de luz.

Vejo, assim, dois aspectos:

O primeiro, ligado ao autor. Claro que juntamente com toda obra vem a ideologia de seu respectivo escritor. Além de narrar sua história, ele passa sua doutrina. Muitas vezes, essa “doutrina” é contrária à nossa. O autor tem a liberdade de expressão, mas não podemos esquecer que temos a liberdade de discordar de sua respectiva expressão.

Este autor, na minha humilde opinião, deveria, em algum momento, deixar claro que está escrevendo uma ficção e que sua obra tem a finalidade de passar uma mensagem específica. Isto é raro, pois determinadas confissões poder ser anticomerciais. Preferem deixar a mensagem nas entrelinhas ou no nível subliminar. “Interpretem como quiser” dizem eles.

O segundo aspecto, é o ligado aos pais e educadores. Não se pode dar um livro ao filho sem antes conhecer seu conteúdo e seu magnetismo. Uma inadvertida criança pode ser sugada para o universo ficcioso e encontrar dificuldade para se livrar dele.

Cumpre aos pais o conhecimento da leitura oferecida aos filhos e o ensino sobre a divisão entre o real e o irreal.

Se o autor é responsável pelo que escreve, muito mais é o pai que oferece a obra para uma criança em plena fase de formação. Um pai espírita não irá presentear seu filho com “A Canção de Eva” (livro de June Strong, editora CASA), bem como um evangélico vai torcer o nariz para as obras de Pullman ou de Howling.

Enfim, a ficção é fascinante e pode seduzir mentes a absorverem idéias que afrontam suas próprias ideologias. Se a mensagem fosse clara e bem definida, talvez não haveria muitos problemas. A questão é que o autor pode se valer do fascínio da fantasia para, subliminarmente, passar sua mensagem. O ávido leitor pode ser surpreendido por mensagens que sua mente, descontraída pela boa narrativa, não estava preparada para contra-argumentar. A mensagem é prontamente absorvida pelo subconsciente.

Sinceridade (por parte dos autores) e cuidado (dos pais e educadores) nunca é demais. E que a força esteja com vocês... digo, até a próxima.

........

Nota: As crianças nas fotos são meus filhos, empunhando seus sabres de luz criados pelo mestre em arte gráfica Marcos, de Curitiba. Recordo-me que o Kalel, quando viu uma dessas fotos disse:"Nossa pai, nao me lembro desse brinquedo. Onde ele está, para eu brincar?"

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